sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Meinedo, Casa de Vila Pouca - O Vauxhall, a garagem e o alambique

 
 
 


Meinedo, Casa de Vila Pouca - O automóvel, a garagem e o alambique

 

 Nestas imagens, pretende-se recuar aos anos 40, 50, 60, do Séc. XX, para numa breve síntese explicar o que representavam os bens acima publicados, que são visualizados, nestas imagens.

            O automóvel, da marca VAUXHALL, modelo A12, que se vê na foto, (O Vauxhall, aqui representado, é apenas imagem de amostragem, para comparação), do veículo, daquela marca e modelo, de cor preta, que foi utilizado, nos anos 40 (séc. xx) e seguintes, pelo Professor Dr. Duarte Leite, (até ao fim dos seus dias) e por familiares, sabendo-se que este veículo, ainda continuou ao serviço, pelo menos, por mais duas décadas.

            Um dos condutores que conheço, actualmente com 85 anos, (sobrinho do anterior chauffeur, que deixou a condução por ter passado a exercer funções de feitor), disse-me, que conduziu o VAUHXALL, por longo período, logo após seu tio ter passado a exercer funções de feitor. Acrescentou que, havia existido, antes do Vauxhall, um carro que foi trazido do Brasil, em 1931, quando do regresso a Portugal, do Dr. Duarte Leite, por aposentação do alto cargo de embaixador, naquele país, cuja marca (?) era desconhecida. Porém dizia-se, que a montagem e ou, o fabrico, era de origem brasileira e que, relativamente à marca, era alcunhado de o “cachambeque”.

Quanto ao prédio constituído por dois pisos, que as três fotos documentam, foi destinado a garagem, (designada por “garagem nova”), com alojamento na parte superior, dotado de dois quartos e com quarto de banho, para o “Chauffeur” e para o Feitor.

As funções do feitor, na Casa de Vila Pouca, correspondiam a encarregado geral das actividades agrícolas e do pessoal da casa, com poderes de fiscalização e de promover a entre ajuda, dos rendeiros das quatro quintas, (Casas de habitação,  anexos, matas e terrenos), que lhes foram confiadas, mediante o pagamento de uma renda anual, no Outono, (pelo S. Miguel), em géneros agrícolas.

Tais quintas, sob a tutela da Casa de Vila Pouca, designadas por: “Vila Pouca”,Portelada”,  “Lages” e “Paredes”, nesta sequência, são todas contíguas, desde os dois moinhos, também estes da Casa de Vila Pouca, localizados, junto da Ponte de Casais (rio Sousa), até às proximidades da Capela de Santa Ana, a norte, no lugar de Romariz – Meinedo, zona limite com a vizinha freguesia de Boim, do concelho de Lousada.

Notas finais:

1.     Actualmente, as quintas de Lages e a de Paredes, já não pertencem ao clã da Casa de Vila Pouca, pertencem à conceituada Quinta da Aveleda, SA, sediada em Penafiel.

2.     No foto nº. 1, do ano 2007, vê-se, à direita, a existência duma repartição anexa, de um só piso. Aí funcionava um alambique para transformação de bagaço vinícola, em aguardente. Algumas vezes assisti ao seu interessante funcionamento.

3.    – Na foto nº. 1A, vê-se a janela sobre a porta da garagem que, a trepadeira, “ERA”, na Foto nº. 1, esconde. Neste foto, vêm-se também, à esquerda, uma fila de tílias, (são seis, mas não estão todas visíveis, neste foto), que dão nome àquele terreiro e ainda ao fundo, vê-se, o parque das carvalheiras.

4.    – Na foto nº. 2, do ano 2007, vê-se a fachada lateral do prédio garagem e as escadas de acesso ao piso de cima.


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Duarte Leite e as tertúlias de portuenses famosos


Duarte Leite e as tertúlias de portuenses famosos
Séc. XIX e XX

Local preferencial, o Café Camacho e a Praça Nova… (Porto)

Transcrição:

O CAFÉ CAMACHO, na Praça de D. Pedro, (também designada por Praça Nova e actualmente por Praça da Liberdade - Porto), fundado em 1870 foi ampliado e transformado em 1880. Existiu até 1917

Foi no CAMACHO que nasceu a corrente literária denominada por Nefelibatismo de que António Nobre foi figura destacada.

            Foram também assíduos frequentadores do CAMACHO: Sampaio Bruno, Alexandre Braga (Filho), Alfredo Magalhães (que viria a ser Presidente da Câmara Municipal do Porto), Basílio Teles (Filosofo, Jornalista, Pedagogo), João Chagas (Jornalista), Rocha Vieira (Homem de Ciência), Sá de Albergaria (Humoristas autor de peças de teatro), Joaquim Araújo (Poeta) e o famoso boémio Eduardo Attayett.

             Nos últimos anos do CAMACHO, a frequência já era outra, denominada mais por comerciantes, industriais, banqueiros, médicos e sportsmen.

            Aquilino escreveu:

            Os habitantes do Porto quando abriam a boca, era para pronunciar os nomes dos seus próceres, (1), Junqueiro, Basílio, Bruno, Duarte Leite. De olhos admirativos viam-nos no cenáculo do Camacho, depois desamarrarem dali para a Praça Nova, onde prosseguiam deambulando até altas horas, o debate animado ou o colóquio vicioso.

            Esta Praça é que foi a verdadeira Universidade, não apenas do Porto, mas de Portugal. Daí saiu a geração que contribuiu em boa parte para fazer a República e que arejou as Letras e sobretudo a Pedagogia, impregnadas ainda de miasmas

(1)   Próceres: -  Significa os grandes de uma nação, os principais cidadãos dum estado.


- Transcrição parcial dum excerto da imagem e do texto dum boletim, titulado de “Os Cafés do Porto, da autoria de Maria Teresa Castro Costa.  - Link: - http://www.apha.pt/boletim/boletim2/pdf/CafesDoPorto.pdf

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Rua do Professor Duarte Leite - Político, Historiador e Diplomata

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Foto testemunho da localização da Rua do Professor Duarte Leite, onde se lê:
POLÍTICO, HISTORIADOR E DIPLOMATA
1864 - 1950

PORTO


Em homenagem, ao Dr. Duarte Leite, a Câmara Municipal do Porto, atribuiu o seu nome, a uma rua desta cidade, sob a toponímica: RUA DO PROFESSOR DUARTE LEITE.
Trata-se duma rua paralela, situada entre a Rua de Costa Cabral e a Avenida Fernão de Magalhães, tendo início na Rua Dr. António Coelho e vai terminar na Rua de Santa Justa. A numeração, “isto é, os números de polícia”, actualmente, vão desde o número 12, até ao número 411.

Geograficamente, esta rua é em forma de um Z, (com a particularidade de as extremidades do seu percurso, serem longas e a parte central ser curta - "imagem acima"). Possui algumas árvores num dos trechos e prédios modernos, desde 4, até um máximo, de 10 pisos.

Esta rua, localiza-se numa zona habitacional, próxima da Universidade Lusíada e a cerca de 1200 metros do Estádio do Dragão.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Dr. Duarte Leite, um orador eloquente

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Transcrição do texto anexado ao foto acima, a fim de se tornar legível:

“ Nasceu no Porto, a 11 de Agosto de 1884. É licenciado em Mathemática e bacharel em Filosofia, pela Universidade de Coimbra.
Lente proprietário da 5ª cadeira de astronomia e geodesia da Academia Polytechnica do Porto, onde exerce distintamente o professorado, desde 1886, o seu nome não avulta apenas como o de um homem de sciencia.
Notável no jornalismo, que honra há largos anos, a sua colaboração effectiva na “Voz Pública”, passa por ser uma das mais brilhantes.
Não sendo um exagero a considerar-se a sua penna rival de Bruno que, é como se sabe, o primeiro redactor daquele diário. Orador de largos recursos, o seu verbo inspirado não tem a facilidade de Affonso Costa mas, como este, sabe ser audacioso e caustico.
É hoje vereador da Camara do Porto, onde a sua acção decerto se há-de assinalar, como mais tarde se assinalará sem dúvida em S. Bento, onde o Partido Republicano precisa de o ter como representante.”


Fim de Tanscrição.
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Dr. "Duarte Leite é na verdade um orador eloquente..."
 

Mais uma conferência do Dr. Duarte Leite, que divulgo neste blogue. Esta foi proferida, em 21/02/1910, em Vila Nova de Famalicão, de cujo texto, entre outros favoráveis  adjectivos, sobressai o conceito de que o Dr. Duarte Leite, “é na verdade um orador eloquente e com facilidade prende a atenção do auditório sendo a sua palavra fácil, claramente compreensível”.
 
Início de Transcrição:
 
“”No jornal de Vila Nova de Famalicão "O Famelicense", e com o sub-título de "orgão semanal dos interesses do concelho", sendo seu director e proprietário José Maria da Graça Soares de Sousa Júnior, lê-se, a 3 de Fevereiro de 1910, a seguinte notícia, com o título "Conferencias Democraticas": "As comissões municipal e paroquiais do Partido Republicano deste concelho, em sua última reunião, resolveram que a segunda conferência a efectuar no centro local se realize no corrente mês de Fevereiro, deixando ao ilustre professor e jornalista sr. dr. Duarte Leite, orador já para esse fim convidado, a determinação do dia preciso do referido mês em que mais lhe convém efectuar este acto de propaganda. / Assentou-se igualmente em que para a 3.ª e 4.ª conferências sejam respectivamente convidados os grandes tribunos da democracia srs. drs. Alfredo de Magalhães e António José de Almeida." E, por seu turno, em 21 de Fevereiro, outro jornal de V. N. de Famalicão, o "Estrela do Minho", faz a referência que se "realiza hoje no Centro Bernardino Machado, nos baixos do Hotel Vilanovense, uma conferência promovida pela Comissão Republicana desta vila, a segunda das que a mesma colectividade se propõe realizar aqui. / Será presidida pelo sr. dr. Pereira Osório e conferente o Dr. Duarte Leite, professor da Academia Politécnica do Porto." O jornal "O Famelicense" noticia-nos, da seguinte forma, como decorreu a mesma conferência: "No Centro Bernardino Machado, à Rua Adriano Pinto Basto, realizou-se na noite de Domingo a segunda conferência, das que a Comissão Municipal republicana se propõe realizar... / Foi conferente o sr. dr. Duarte Leite, professor na Academia Politécnica do Porto e ilustre caudilho republicano. / S. Ex.ª discursou admiravelmente e foi muito aplaudido pela numerosa e distinta assembleia, que findas as últimas palavras lhe fez uma ovação entusiástica. / O sr. Duarte Leite é na verdade um orador eloquente e com facilidade prende a atenção do auditório sendo a sua palavra fácil, claramente compreensível. / A conferência foi selectamente concorrida, decorrendo dentro da melhor ordem." Recorde-se que o Centro Republicano Dr. Bernardino Machado de Vila Nova de Famalicão foi inaugurado em 14 de Novembro de 1909, com duas actividades: a homenagem a Gonçalves Cerejeira e a conferência de Bernardino Machado com o título "Têm Liberdade os Monárquicos em Portugal?", com referências a uma monarquia liberal existente em V. N. de Famalicão.””
Uma transcrição do blogue: http://dopresente.blogspot.pt/2011/11/duarte-leite-em-famalicao.html - A foto acima publicada, é originária desse blogue.   
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Candidaturas Presidenciais do Dr. Duarte Leite

                                                                                           <Clique imagem>

Esta imagem foi extraída da revista "Illustração  Portugueza", nº.? ,  publicada no 2º. semestre de 1911, página nº. 249, ilustrada com o seguinte titulo:
"Os candidatos à Presidência no dia 21"
(in. Arquivo BPMP (Biblioteca Pública Municipal do Porto).

 

 As Candidaturas Presidenciais do Dr. Duarte Leite

Os candidatos republicanos, a esta primeira eleição presidencial foram: (segundo transcrição parcial do texto da imagem)   Srs. Drs. Magalhães Lima, Bernardino Machado, Manuel d’Arriaga e Duarte Leite."
Estas eleições ocorreram, em 24/Agosto/1911, nas quais foi eleito o Dr. Manuel d'Arriaga


Eleições Presidenciais

Dr. Duarte Leite, participou em 6 candidaturas à Presidência da República, nas datas abaixo descritas, sem contudo, obter a votação necessária, para que viesse a ser eleito.

As candidaturas de Duarte Leite:

- Nas eleições de 24/08/1911, em que foi eleito Manuel d’Arriaga.
- Nas eleições de 29/05/1915, em que foi eleito Teófilo Braga
- Nas eleições de 06/08/1915, em que foi eleito Bernardino Machado.
- Nas eleições de 06/08/1919, em que foi eleito António Almeida.
- Nas eleições de 06/08/1923, em que foi eleito Teixeira Gomes.
- Nas eleições de 11/12/1925, em que foi eleito Bernardino Machado.


Nestas primeiras eleições presidenciais:


De acordo com a Constituição, o Presidente da República era eleito pelo Congresso da República. Esta forma de eleição vigorou, nas eleições de 1911, 1915, 1919, 1923 e 1925. Porém, neste período, no ano de 1918, teve lugar a única eleição, em que a forma de eleger um dos candidatos, foi a  Eleição Direta, que ocorreu durante o governo de Sidónio Pais

                                                                                         

 Eleição direta: É aquela em que os candidatos a exercer mandatos políticos são eleitos diretamente pelo povo.

Assim, Sidónio Pais, que estava a exercer um cargo político, candidatou-se e foi o eleito.


“ELEIÇÕES E PERÍODO PRESIDENCIAL

Sidónio Pais modifica a lei eleitoral, sem sequer se dar ao trabalho de consultar o Congresso e é eleito Presidente da República por sufrágio directo dos cidadãos eleitores, obtendo, em 28 de Abril de 1918, 470 831 votos. Foi proclamado em 9 de Maio do mesmo ano.”

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Dr. Duarte Leite e os Governos da 1ª. República

                                                                                                                Clique imagem
A Constituição do 3.º Governo
 


Notas do autor do blogue:

Reescrevo o nome das individualidades constantes da legenda, do foto acima, por esta se apresentar pouco legível:
“1- Coronel Correia Barreto, ministro da Guerra. 2 – Dr. Augusto de Vasconcelos, ministro dos Estrangeiros. 3 – Dr. Correia Lemos, ministro da Justiça. 4 – Sr. Vicente Ferreira, ministro das Finanças. 5 – Dr. Duarte Leite, presidente do ministério e ministro do Interior. 6 – Dr. Aurélio da Costa Ferreira, ministro do Fomento.  7 – Sr. Cerveira de Albuquerque, ministro das Colónias.  8 – Dr. Fernandes Costa, ministro da Marinha.”
 
 
- Esta imagem, foto acima, sob o título: "O NOVO MINISTÉRIO", foi extraída da revista "Illustração Portugueza", nº. 331, publicada em 24/06/1912, página 817, que se reporta à constituição do 3º. Governo da República Portuguesa, no qual o Dr. Duarte Leite é o presidente do ministério e também o Ministro do Interior, que se apresenta ao centro, ladeado pelos demais ministros. (in Arquivo BPMP (Biblioteca Pública Municipal do Porto)
 

Ministro da Finanças, Presidente do Ministério e Ministro do Interior

Informação complementar, associada à Biografia do Dr. Duarte Leite.  
Seguem-se descrições de alguns factos que reputo de importantes e que não vem completamente relatados na dita biografia, constante deste blogue.

No período, pós 5 de Outubro de 1910 – Data da Implantação da República, em Portugal - foram tempos conturbados. Os governos eram de curta duração e neste ambiente coube ao Dr. Duarte Leite a honra de ter sido chamado a participar nesses governos da 1ª. República, bem como em candidaturas para a Presidência da República, (a publicar aqui, em breve). 

Governos Republicanos da Primeira República
 
 - A governação republicana, foi iniciada com um Governo da República Provisório, que foi chefiado por Teófilo Braga e que decorreu no período de 04/10/1910 até 02/09/1911.

- As participações do Dr. Duarte Leite, no Governo Republicano, ocorreram durante a Presidência da República, do Dr. Manuel Arriaga:
 - No 1º. Governo, no período de 02/09/1911 a 13/11/1911, foi Ministro das Finanças.
 - No 3º. Governo, no período de 16/06/1912 a 09/01/1913, foi Presidente do Ministério  (1º. Ministro, designação actual) e, nesse período, também acumulou a pasta de Ministro do Interior.  


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Dr. Duarte Leite - O Professor, o Estadista, o Embaixador


O Professor, o Estadista, o Embaixador…

Introdução:

Este novo blogue, de JFPereira, tem por objectivo centralizar toda a informação possível dispersa e vai conter textos e imagens que, de forma faseada, vão ser aqui publicados, sobre o Dr. Duarte Leite, alguns de minha autoria, resultantes de anterior recolha, iniciada em 2002.

Tais textos e imagens, a maioria, já estiveram em exibição, em dois extintos endereços da World Wide Web, (abreviatura: www).

A saber: em www.meinedo.espacoreal.net, entre 15/11/2002 e 26/02/2006.

 E em http://tvtel.pt/duarteleite/, entre Fevereiro de 2006 e Maio de 2012.

Porém, estes ciclos foram interrompidos, por razões alheias à minha vontade, designadamente, por extinção dos anteriores alojadores: - A Espaço Real.net e a TvTel.pt.

No entanto, nada se perdeu e algo mais vai ser acrescentado sobre a vida e a obra do Dr. Duarte Leite que, entretanto, vier a ser conhecida.

Biografia do Dr. Duarte Leite

BIOGRAFIA DO DR. DUARTE LEITE

( in. Grande Enciclopédia Portuguesa Brasileira )
Volume XIV, páginas 876 e 877
Editada por Lisboa Editorial Enciclopédia, 19 - -

"Notável, erudito e diplomata e homem público, de seu nome D.L. Pereira da Silva, n. no Porto a 11-VIII-1864, formando-se na Universidade de Coimbra em 1885, nas Faculdades de Matemática e Filosofia.

No ano seguinte licenciou-se em Matemática e entrou logo para o corpo docente da Academia Politécnica do Porto onde regeu, durante 25 anos, as cadeiras de Geometria Descritiva, Astronomia, Geodesia, Topografia e Mecânica Racional.


Era um professor altamente considerado, pela sua competência e pela sóbria clareza das suas preleções. Espírito de vasta cultura, mentalmente formada dentro dos princípios liberais, foi sempre democrata e, como tal, tomou parte ativa na propaganda doutrinária das ideias republicanas, escrevendo artigos sobre vários problemas artísticos, económicos e de administração do Estado no jornal portuense "A Voz Pública" e, depois, no diário "A Pátria", de que foi diretor.
Em 1906, e como consequência da vitória da "lista da cidade", organizada pelos republicanos, o Dr. Duarte Leite fez parte da vereação municipal presidida pelo Dr. Jacinto de Magalhães, e que prestou excelentes serviços, na defesa dos interesses da população portuense.
Em 1911 foi nomeado vogal, por parte do Governo, no conselho de administração da C.P., lugar que abandonou ao ser convidado para gerir a pasta das Finanças no ministério presidido por João Chagas.


No ano seguinte, foi chefe do governo, tendo de enfrentar e de resolver a greve do pessoal da Companhia Carris de Ferro de Lisboa, que tomou por vezes um aspecto de certa gravidade.
Em 1914, o Dr. Duarte Leite - que nunca teve filiação partidária, mantendo estrita independência - foi nomeado embaixador de Portugal no Rio de Janeiro, onde se conservou até 1931, exercendo esse alto cargo com a maior distinção. Entretanto, não descurava os seus estudos prediletos, escrevendo três memórias para os dois primeiros volumes da História da Colonização Portuguesa do Brasil, intituladas:
- Os Falsos Percursores de Álvares Cabral, editada mais tarde em volume;
- O Primeiro Mapa do Brasil e a Explosão do Litoral do Brasil na Cartografia da Primeira Década do século XVI.

- Mais recentemente publicou as seguintes obras: Descobridores do Brasil, Coisas de Vária História e Acerca da "Crónica de feitos da Guinee", 1941.

Em 1931, tendo atingido o limite de idade, foi aposentado na categoria de embaixador e passou a viver na sua casa de Meinedo (Douro), onde prossegue na tarefa de escritor erudito.

Assim, tem publicado no Primeiro de Janeiro e no Seara Nova uma série de interessantes artigos sobre assuntos de Geografia e de História, entremeados com outros em que se debatem problemas interessantes, como por exemplo o do Espiritismo. O Dr. Duarte Leite escusou-se sempre a aceitar condecorações, mesmo aquelas que, por praxe estabelecida, correspondem ao exercício de um alto cargo diplomático".

Nota: - Esta transcrição está conforme texto original arquivado na Biblioteca Pública Municipal do Porto, (BPMP).

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Duarte Leite - Um Ilustre Portuense

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Conferência em 1904, do Dr. Duarte Leite

Nota do autor:  - Esta imagem foi extraída da revista "Illustração Portugueza", nº. 15, publicada em 15/02/1904, página nº. 236, ilustrada com a seguinte legenda, em português da época:
" A Universidade livre do Porto foi instituída pelo comité Académico Portuense, liga de estudantes e obreiros que pretendem derramar a instrução entre as multidões.
A universidade conta com o concurso de muitos homens de sciencia, literatos, jornalistas, etc. e inaugurou-se com a conferência do dr. Duarte Leite, que tratou d' astronomia. Assistiram mais de 3.000 pessoas a esta reunião na qual o conferente foi escutado com todo o respeito e muito aplaudido."

 
O Professor, o Estadista, o Embaixador

O Professor, Dr. Duarte Leite Pereira da Silva, nascido no Porto, em 1864, foi um democrata muito ilustre e muito considerado, a todos os níveis, sociais e políticos, residente que foi, na sua Casa de Vila Pouca – em Meinedo, Lousada, (uma quinta senhorial), onde se fixou após a sua aposentação, de diplomata, em 1931 e aí permaneceu até ao fim dos seus dias, em 1950.
Viveu e conviveu num período difícil da nossa história: A Implantação da República de 1910, tendo contribuído com o seu saber, dedicação e participação, para cimentar os ideais republicanos.
Considerado, um republicano convicto, da ala liberal, apartidário e anticlerical. De bom carácter e ainda, um invejável comunicador, quer oral, quer por escrito. Enfim, um grande senhor possuidor dum belo percurso de vida vivida, conforme se constata pelo historial de algumas das muitas referências abonatórias, esclarecedoras, referentes a atividades culturais e intelectuais, bem como a cargos e a funções que exerceu:

Foi, Professor na Academia Politécnica do Porto; Republicano; Vereador da Câmara Municipal do Porto; Representante do Governo na C.P.(vogal); Ministro das Finanças; Presidente do Concelho de Ministros (1º. Ministro); Ministro do Interior; Diplomata (Embaixador de Portugal no Brasil de 1914 a 1931) e Escritor. Em suma, um conferencista, um orador, um escritor e um político, muito prestigiado.

Duarte Leite - Publicou livros, fundou e dirigiu jornais e revistas e escreveu imensos artigos. Pelos vários livros e artigos, que escreveu, foi e é considerado, um dos historiadores dos descobrimentos portugueses.

 

domingo, 2 de setembro de 2012

Meinedo - Casa de Vila Pouca - Dr. Duarte Leite

 

O portuense, Dr. Duarte Leite, ficou ligado a Meinedo e à Família Falcão, da Casa de Vila Pouca, pelo casamento com D. Maria Eulália Falcão de Magalhães (nome de solteira), em 20 de Abril de 1898, na Igreja Paroquial de Meinedo, quando esta contava apenas 17 anos, ali nascida, no ano de 1880. Após casamento, esta adoptou o nome de: Maria Eulália Falcão Leite. 

Dessa união nasceram quatro filhos: O Rafael, que se fixou no Brasil, onde constituiu família, sabendo-se que o filho primogénito se chama Duarte. Quanto às três filhas: Emília, Eulália e Isabel, casaram e fixaram-se em Lisboa.

Pelas inúmeras ocupações inerentes aos cargos que desempenhou, o Dr. Duarte Leite, só veio a fixar residência em Meinedo, a partir de 1931, após sua aposentação, por limite de idade, de Embaixador de Portugal no Brasil, cargo diplomático que exerceu, desde 1914, na então cidade capital: Rio de Janeiro.

TESTEMUNHO “I”

Eu, JFPereira, autor deste blogue, nascido em 1942, sou filho duma antiga empregada doméstica, do Dr. Duarte Leite e D. Maria Eulália.

Minha mãe, Joaquina, que era filha dum caseiro, o moleiro Joaquim Pereira, este rendeiro dum dos dois moinhos, daquela casa de Vila Pouca, a laborar no Rio Sousa, junto à velha Ponte de Casais, sitos a cerca de 250 metros, foi com eles, (D.L. e esposa,)  para o Brasil em 1914, com 16 anos, para os servir nos trabalhos domésticos, na Embaixada de Portugal no Rio de Janeiro.

Mais tarde, após 1931, também ela passou a exercer idênticas funções na Casa de Vila Pouca, pelo que eu, enquanto criança, (6, 7 e 8 anos), fazia grande permanência naquela casa, comendo, por vezes, com a criadagem e ora brincando, com os netos do Dr. Duarte Leite, que residiam em Lisboa, quando estes, nas visitas, nas férias grandes e no Carnaval, vinham com os pais, passar uns dias à Casa de Vila Pouca – Meinedo, pelo que, nestas circunstâncias, tive o privilégio de conhecer o Dr. Duarte Leite e a D. Maria Eulália, filhos e netos. Nesta conformidade, posso e quero testemunhar, o seguinte:

Que em fins dos anos 40. Séc. XX, o Dr. Duarte Leite, era visto todos os dias, a passear, a pé, pelo terreiro das tílias, fronteiro à casa residencial de Vila Pouca – Meinedo e pelo parque das carvalheiras, limítrofe, nestes seus grandes espaços ajardinados e arborizados, sempre caminhando, em constante atividade física.

Pessoa de fisionomia simpática, de porte elegante, de estatura alta, possuidor dum bigode de pontas compridas e dos seus respeitáveis cabelos grisalhos.

Ainda, relativamente ao Dr. Duarte Leite, afirmo que era muito constado, que foi uma excelente pessoa, como homem, como marido e como político. Como também se dizia que era muito respeitador e muito respeitado. Que tanto ligava ao rico como ao pobre, aos adultos como às crianças.

Recordo ainda o facto de, em 1950, uma ambulância da Cruz Vermelha Portuguesa, tipo “jeep”, com capota de lona e caracterizada com o seu símbolo, (a cruz vermelha), o ter ido buscar à Casa de Vila Pouca, Meinedo, para ser socorrido no Porto, por ter sido acometido de doença súbita que afinal, lhe havia de resultar na morte, aos 86 anos de idade.

Duarte Leite, nasceu no Porto a 11-08-1864 e veio a falecer nesta sua cidade, a 29-09-1950, onde está sepultado, no Cemitério do Prado do Repouso.

TESTEMUNHO “II”

Relativamente à esposa, a D. Maria Eulália Falcão Leite, que melhor conheci visto que, esta só veio a falecer em 1968, faço questão, de aqui expressar umas breves palavras de apreço, começando por dizer que era uma pessoa muito querida e muito conhecida, por todos em Meinedo, pela "Senhora de Vila Pouca” e também era designada, por muitos, pela senhora “Dona Embaixatriz”.

 Tratava-se de uma senhora bem formada, extremamente culta e religiosa e muito bondosa. Sempre socorria quem a ela recorria, para obtenção de um emprego ou de quaisquer outras ajudas, inclusive, duma esmola.

Foi uma boa esposa e uma boa mãe, (teve 4 filhos) e, acima de tudo, foi "uma boa mãe" para os mais carenciados. Muito caridosa e carinhosa para com as crianças e velhinhos, em todas as circunstâncias, a quem periodicamente ajudava e, anualmente, sempre distribuía bodos de Natal.

D. Maria Eulália, foi para mim, como uma madrinha de guerra, atendendo que até teve a bondade e a disponibilidade de se corresponder comigo, embora de modo esporádico, quando eu, entre ABR.1964 e OUT.1966, estive em missão de soberania, no norte de Moçambique, para onde ela me enviou lembranças comestíveis, (frutos secos), livros e revistas, nomeadamente, por ocasiões do Natal.
D. Maria Eulália, nasceu em 7/10/1880, casou com o Dr. Duarte Leite em 20/04/1898 e faleceu em 13/10/1968. Está sepultada no Cemitério Paroquial de Meinedo.
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Notas sobre a sepultura do DR. DUARTE LEITE:

 
Local: CEMITÉRIO DO PRADO DO REPOUSO

PORTO

 – Jazigo subterrâneo, nº. 2921, com cobertura de mármore branco

– Placa com os dizeres

 
AQUI JAZ

DR DUARTE LEITE

1864 – 1950
 

– Floreira ao centro, em forma oitavado, com as iniciais: D.L.

– Duas floreiras na cabeceira com pé alto.

 

Obs.: – Eu, autor deste blogue, estando a morar no Porto, desde 1958, fui algumas vezes, antes de ir para a tropa em 1963, acompanhar minha mãe, àquele cemitério, para enfeitar esta sepultura, a pedido da viúva de DL, a D. Maria Eulália Falcão Leite.