Os rasgados elogios a D. Maria Eulália Falcão Leite, esposa do Embaixador Português, no Brasil, Dr. Duarte Leite
Foto acima, da Senhora de Vila Pouca, também tratada por D. Embaixatris, em Meinedo, num dos seus bem cuidados jardins, com multi-espécies de flores, multicolores, de que muito gostava, em Maio de 1968, a poucos meses de se finar, em 13/10/1968
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Os rasgados elogios à
esposa do embaixador português, Dr. Duarte Leite, de nome: D. Maria Eulália
Falcão Leite, quando ambos estavam na embaixada de Portugal, no Rio de Janeiro,
Brasil. (Anos 20, Séc. XX.
(Na
transcrição que se segue, chamo a atenção para a leitura do texto abaixo realçado com fundo amarelo, deste blogue)
Transcrição Parcial
Titulo: “COMO EU VI O BRASIL”: A MULHER E A EDUCAÇÃO
NA PERSPECTIVA DE EMÍLIA DE SOUSA COSTA
Emília de Sousa Costa (1877- 1959) foi uma escritora
e educadora que ocupou
um lugar singular na sociedade da época.
Autora de livros educativos para mulheres, demarca-se dos radicalismos então em
voga e defende uma concepção de educação feminina que incorpora a educação
doméstica, a formação profissional, um conceito de civilidade próprio do género
e a defesa da mulher como pilar da família, da sociedade e da pátria. A sua
obra é prescritiva e de teor moralizante, mas defende o progresso e a
modernidade, atribuindo à mulher um papel fundamental na construção do futuro.
…
Para Emília de Sousa Costa, os laços entre
as mulheres de lá e de cá do Atlântico eram fortes, com muitas semelhanças e
cumplicidades, embora reconhecendo que a mulher brasileira apresentava “o seu
quê de mistério”, que escapava à sua capacidade de análise. Mas isso não a
impediu de estabelecer um olhar crítico, em que são utilizados critérios de
análise similares.
“Não
encontro uma diferença muito sensível no tipo da portugueza e
da brazileira. Há morenas e alvas. Olhos
negros e azues, garços e esverdeados. Predomina, como entre nós no sul, a tez
morena, olhos cor de bronze, ou negros. Há porém, no fundo de todos os olhos femininos
brazileiros um mistério que eu, talvez por ser mulher, não sei desvendar. Esses
olhos lembram-me não sei porquê, círios a arder perenemente em sensualidades
capitosas. A languidez dos movimentos, um pouco oriental, torna as mulheres
ondulantes e flexíveis como palmeirinhas tenras.
Mesmo
as senhoras adiposas assumem por esse motivo um ar tão
«infantil, tão mimoso, tão frágil, que nos
confunde e nos retém nos lábios qualquer tentativa de conversa fóra dos limites
de assuntos leves, graciosos, caracterisadamente femininos.” (COSTA, 1925,
pp.37-38)
verdadeiramente
nos estratos cultos da sociedade carioca, cujo modelo é seguramente retratado
na família de Júlia Lopes de Almeida, acompanhada por suas filhas, todas elas apresentando
elevadas capacidades artísticas e culturais. Este perfil de referência devia ainda
aliar, a estas capacidades, a bondade, a distinção, a apresentação
irrepreensível, o bom gosto, a sensibilidade.
Mas
outras senhoras lhe mereceram rasgados elogios: a esposa do
embaixador português, Doutor Duarte Leite, “alma lidima e enternecida de
portuguesa, senhora de rara distinção, a prodigalisar-se em provas de bondade
tamanha, para toda a colónia, que esta a adora, como se adora uma santa” (pág
58);
Maria
Adelaide, com o seu “mavioso sorriso da angelical” e D. Josefa Quintanilha,
pela “linha nobre” da sua presença (pág.62); D. Maroquinha Rabelo, “também
conferencista e escritora que na sua dição primorosa nos revela todas as
recônditas belezas dos versos” e D. Rosalinda Coelho Lisboa, “escritora de
valor notável e poliglota” (p. 63); D. Maria do Carmo, esposa de Rui Chianca, “espírito angelical e
lucidíssimo, figurinha deliciosa e frágil de uma virgem de marfim” (p.36); D. Otília, a
bondosa esposa de Augusto Sarmento, ambos seus queridos amigos; e Madame Campos, “a enérgica e sábia cultora da
plástica feminina” (COSTA, 1925, p. 36).
Nas ruas encontravam-se os diferentes tipos
de mulher que compunham a sociedade brasileira, cruzando-se nos mesmos espaços,
independentemente das suas origens sociais ou da missão que haviam escolhido
para desempenhar ao longo da sua vida. Era um mundo que fervilhava e onde
coabitavam os comportamentos mais puritanos com as novas formas de afirmação da
mulher, nos espaços públicos, que caracterizaram os “loucos anos 20”. A sociedade carioca, multicultural e multiétnica,
vivia “numa liberdade a todos os respeitos louvável e encantadora” e na Avenida
Rio Branco, como em outros locais do Rio
de Janeiro,“
Extracto transcrito dos escritos sob o
titulo:
MJ Mogarro, V Dias - sbhe.org.br
De:
Maria João Mogarro
UI&DCE – Universidade de
Lisboa
e de:Vera Dias
FPCE – Universidade de Lisboa